Ainda estamos vivenciando a maior pandemia da era moderna, e a crise econômica decorrente dela tem afetado diversos setores, com inúmeras empresas fechando as portas.
Enquanto isso, o agronegócio segue em pleno crescimento.
No primeiro semestre de 2021, mesmo com a alta dos preços de insumos, o PIB do agronegócio brasileiro cresceu 9,81%, e a perspectiva para o futuro é excelente.
O que explica este fenômeno? Afinal, por que o agronegócio parece ser “imune” a crises econômicas?
A resposta é o tema deste artigo: as commodities agrícolas.
Neste artigo, você entenderá o que são commodities agrícolas, como funciona o mercado mundial e como é feita a logística desta classe de produtos.
O que são commodities agrícolas?
Commodities agrícolas são produtos de origem agropecuária, em estado bruto ou pouco industrializado, sem diferenciação de marca e negociados em larga escala no mercado nacional e internacional.
Em sua maioria, as commodities são utilizadas como insumo para fabricação de outros produtos, estes sim, comercializados com marcas próprias e diferentes características.
Algumas das principais commodities agrícolas são:
- Soja
- Milho
- Trigo
- Açúcar
- Café
- Carne bovina
- Algodão
- Álcool
- Suco de laranja
Note que as commodities incluem tanto produtos in natura, como grãos de soja, quanto produtos pouco industrializados como o açúcar.
Por fazerem parte de importantes cadeias produtivas, como o setor alimentício, energético e têxtil, existe uma demanda constante e em grande escala por commodities agrícolas no mercado internacional.
Países como Brasil, China, Estados Unidos e Índia estão entre os maiores produtores, principalmente devido à extensão territorial, clima favorável à agropecuária e total de área cultivável.
Outros tipos de commodities
Além das commodities provenientes da agricultura e pecuária, outros produtos sem diferenciação de origem também são considerados commodities. Estas commodities são agrupados de acordo com sua origem e natureza.
Veja alguns exemplos:
- Commodities minerais
- Petróleo
- Minério de ferro
- Carvão
- Gás natural
- Ouro
- Commodities ambientais
- Madeira
- Água doce
Acima, podemos encontrar commodities não renováveis e, portanto, mais valiosas do que as commodities agrícolas.
Basta nos lembrarmos do “milagre econômico” do petróleo e do gás natural em países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que enriqueceram em poucos anos após encontrarem reservas destas commodities em seus territórios.
Commodities na economia brasileira
Desde o período colonial, o Brasil é um grande produtor e exportador de commodities, principalmente agrícolas, no mercado internacional.
Nossa história começa com extração de madeira, passa pela produção e exportação de açúcar, uma breve corrida do ouro, um longo período de exportação de café e, hoje, estamos entre os maiores exportadores de várias commodities, principalmente soja.
Mesmo hoje, com setores industriais e de serviço em desenvolvimento, o Brasil ainda possui uma economia bastante dependente da exportação de commodities.
Em 2020, as commodities em geral representaram mais de 60% das exportações do Brasil, com participação de 6,5% no PIB brasileiro.
Quanto aos produtos exportados pelo Brasil, esta foi a proporção apurada em 2020:
- Soja: 13,6%
- Ferro: 12,3%
- Petróleo: 9,3%
- Açúcar: 4,2%
- Carne bovina: 3,2%
Fonte: TrendEconomy
Mercado de commodities agrícolas
O mercado de commodities agrícolas envolve grande volume de compradores, vendedores e mercadorias sendo negociadas em plataformas nacionais ou internacionais.
Tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem comprar e vender commodities, embora grandes corporações de trading controlem os maiores contratos e volumes de mercadoria.
Os preços das commodities são ditados pela lei da oferta e demanda, sendo cotadas pelas grandes bolsas de valores. Questões geopolíticas, econômicas e sociais impactam a oferta e a demanda por cada commodity, o que torna seus preços bastante voláteis.
Devido a característica global do mercado de commodities, vendedores individuais possuem pouca influência sobre o preço do produto e pouca margem de negociação.
Na maioria dos casos, as commodities agrícolas são negociadas como ativos financeiros, semelhante ao mercado de ações, e não necessariamente como produtos físicos.
É aqui que a coisa fica um pouco mais complexa. Para entender, é necessário explorar as 2 principais formas de negociação de commodities.
Mercado físico
O mercado físico é a forma tradicional de comercialização: o vendedor fornece a mercadoria física e o comprador paga em dinheiro.
Mesmo no mercado físico, estas negociações costumam acontecer em bolsas de mercadorias, tanto para formalização quanto para garantir que os valores estão de acordo com o mercado internacional.
Mercado futuro
O mercado futuro de commodities agrícolas consiste em contratos de compra e venda, em que comprador e vendedor concordam sobre um preço, volume e prazo de liquidação antes mesmo da mercadoria existir.
Este formato é utilizado por ambas as partes como uma forma de se resguardar em relação à volatilidade dos preços.
Produtores agropecuários podem vender seus produtos no mercado futuro antes da safra, por um valor previamente estabelecido, possibilitando calcular margens de lucro com segurança sem depender do valor da mercadoria no período da colheita.
Naturalmente, como em qualquer mercado de ativos, muitos players utilizam o mercado futuro para especulação de preços, observando tendências do mercado para tentar fechar contratos lucrativos.
Semelhante ao mercado futuro, existe ainda o mercado de opções, em que negocia-se a opção de comprar ou vender a um determinado preço. Estas opções são negociadas, e em muitos casos, a liquidação física (entrega do produto) sequer acontece.
Como funciona a logística de commodities agrícolas?
A logística de commodities agrícolas ou logística do agronegócio envolve todos os processos de transporte e armazenagem, desde a colheita do produto ou matéria-prima, até a entrega ao comprador.
Existem várias características específicas da logística de commodities agrícolas, em relação a outros produtos ou setores. Veja alguns exemplos:
- Sazonalidade: a logística das commodities agrícolas está diretamente ligada com a sazonalidade agrícola ou pecuária (como os períodos de safra e entressafra), o que causa picos e vales na demanda por transporte. Isso cria um ciclo de períodos de altíssima demanda, com custos de frete muito elevados e longas filas nos terminais, e períodos de baixa demanda, com sub aproveitamento das frotas e infraestrutura em geral.
- Baixa relação valor x volume: commodities agrícolas são produtos “espaçosos” e pesados, negociados em grandes quantidades. Por exemplo, um caminhão carregado de soja está transportando bem menos valor do que um caminhão carregado de eletrodomésticos.
- Alto custo logístico: seguindo o raciocínio anterior, como o valor da mercadoria em si é baixo, os custos de frete, transbordo e armazenagem representam uma grande fatia do valor. Assim, otimizar indicadores de desempenho logístico em commodities é bem mais significativo do que em outros setores.
- Perecibilidade: todas as commodities agrícolas são perecíveis. Algumas, como a carne bovina, mais do que as outras. Por esta razão, requerem condições específicas de armazenagem, controle de quebra técnica e cumprimento de prazos.
- Alto volume de exportação: a maior parte das commodities agrícolas produzidas no Brasil é destinada a exportação, o que agrega uma enorme camada de complexidade, burocracia e custos logísticos à cadeia de suprimentos.
Ao longo da cadeia de suprimentos, temos 4 principais agentes ou operadores logísticos:
Embarcador
O embarcador é o responsável pela contratação do frete e dos demais operadores logísticos envolvidos na logística da commodity, podendo ser vendedor ou comprador, dependendo da modalidade de frete definida em contrato.
Neste sentido, o embarcador pode ser tanto uma empresa quanto uma pessoa física. No caso de empresas, identificamos como “embarcador” o profissional de logística responsável pela contratação do frete, transbordo, seguro de carga, entre outros processos.
O objetivo primário do embarcador é garantir que a mercadoria chegue ao destino dentro do prazo, com o menor custo possível.
Transportador
O transportador é a empresa ou autônomo responsável pela execução do frete, isto é, movimentar o produto físico de um ponto ao outro.
Ao transportador, cabe a responsabilidade de emitir os documentos fiscais eletrônicos como o CT-e, bem como cumprir os prazos de entrega e os limites de quebra técnica da mercadoria ao longo do trajeto.
As etapas de transporte da cadeia logística das commodities podem incluir diversos modais de transporte, entre eles:
- Rodoviário
- Ferroviário
- Aquaviário
Ao longo da supply chain, diversos transportadores podem ser contratados para realizar o frete de um mesmo contrato de compra e venda.
Terminal de transbordo
Terminais de transbordo são operadores logísticos responsáveis por receber, armazenar e transferir mercadorias entre um meio de transporte e o outro, formando lotes proporcionais e agilizando a cadeia logística.
A principal forma de transbordo encontrada na logística de commodities é o chamado “rodo-ferroviário“, isto é, o terminal descarrega caminhões, armazena a mercadoria e, posteriormente, carrega em trens (ou o contrário), que cumprem o trajeto até o porto.
Trata-se de um serviço essencial para reduzir a dependência do modal rodoviário, reduzindo custos logísticos e aumentando o giro de mercadorias.
Terminal portuário
Portos e recintos aduaneiros são as instituições responsáveis pelo despacho das commodities agrícolas vendidas no mercado internacional, através de navios.
Também podem ser considerados terminais de transbordo multimodal, pois também reúnem mercadorias vindas de diversos caminhões para formar lotes e trocar para o modal aquaviário.
Trata-se da operação mais complexa, que exige enorme investimento. Boa parte da exportação de commodities brasileira se concentra nos portos de Santos e Paranaguá, por estarem mais próximos das regiões produtoras de commodities.
Principais desafios da logística de commodities agrícolas
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores de commodities agrícolas do mundo, nossa logística ainda deixa a desejar em alguns aspectos.
- Dependência extrema do modal rodoviário: cerca de 70% do transporte de mercadorias no Brasil é feito por caminhões em rodovias, um modal ágil e prático, mas caríssimo quando consideramos a dimensão do nosso território.
- Infraestrutura precária das estradas: com apenas 12,2% das estradas asfaltadas e 61% das vias em ruim ou péssimo estado, nossa malha rodoviária aumenta os custos de manutenção dos caminhões, o consumo de diesel e a quebra técnica (perda de mercadorias pelo caminho), principalmente de grãos.
- Congestionamento portuário: a quantidade e eficiência dos portos e terminais portuários no Brasil é desproporcional à nossa produção. Dificuldade de acesso aos terminais de carga e processos burocráticos causam grandes filas em tempos de safra, aumentando os custos logísticos.
- Carga tributária elevada: a carga tributária sobre operações logísticas no Brasil é uma das maiores do mundo. Além dos valores elevados, a complexidade do sistema tributário também exige investimentos em equipes especializadas.
- Erros críticos de gestão: existe grande dificuldade dos gestores em planejar e gerenciar a cadeia logística, principalmente em períodos de safra. As menores perdas de informação e falhas de comunicação podem levar a prejuízos enormes, que podem até mesmo passar despercebidos, drenando a lucratividade da empresa.
Solucionar estes pontos depende de inúmeros fatores, incluindo tanto iniciativas públicas quanto privadas. No entanto, o principal deles está em suas mãos: a qualidade da gestão logística no agronegócio.
Como a tecnologia pode melhorar a logística das commodities agrícolas?
Entendemos que a logística de commodities definitivamente não é algo simples. Trata-se de uma área repleta de problemas e desafios, que em volume suficiente, tem potencial para arruinar a lucratividade de uma empresa agroindustrial.
Mas lembre-se que, ainda assim, o Brasil é o terceiro maior exportador de commodities agrícolas do mundo, e as agroindústrias estão entre os negócios mais bem sucedidos do nosso país.
Ou seja: o agronegócio é um setor poderoso mesmo com tantos problemas em sua logística. Agora imagine o potencial do nosso mercado se superarmos esses problemas!
Mas… como?
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O que é o Velog?
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Implementamos cada funcionalidade do Velog a partir das necessidades reais do dia-a-dia de cooperativas agroindustriais, commodity traders, usinas de açúcar e etanol, indústrias de alimentos, terminais multimodais de transbordo, entre outros segmentos do agronegócio.
Através dos relatórios e análises precisas que Velog oferece, o gestor logístico tem os insumos para tomadas de decisão que fazem toda a diferença na performance.
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