Commodities agrícolas como milho e soja são negociadas em volumes imensos, todos os dias, em escala global.
Na bolsa de valores, esses produtos não recebem identificadores de qualidade ou variedade, o que implica que todo o volume negociado é composto por lotes extremamente parecidos, atendendo a padrões de qualidade internacionais.
Mas se estamos falando de produtos vegetais, suscetíveis a inúmeros defeitos e à deterioração, como é possível garantir um padrão de qualidade único em todo o mercado?
Neste artigo, você aprenderá o que é a classificação de grãos, quando é obrigatória, quem pode realizá-la e como o procedimento é feito, passo a passo.
O que é classificação de grãos?
Classificação de grãos é o processo de análise técnica e laboratorial com objetivo de determinar a qualidade de um lote de soja ou milho, de acordo com padrões oficiais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A partir da classificação, as commodities agrícolas são identificadas em grupos, classes e tipos, conforme as características físicas observadas pelo agente classificador.
O processo de classificação de grãos consiste em submeter pequenas amostras de um lote de grãos a diversos procedimentos, como homogeneização, análise de impurezas, análise de umidade e inspeção visual para identificar defeitos.
Todas as informações obtidas na classificação de grãos são registradas em laudos de classificação vegetal, que determinam o padrão de qualidade do produto e para qual finalidade ele poderá ser destinado.
Legislação e obrigatoriedade
A obrigatoriedade da classificação de produtos vegetais, incluindo grãos, foi instituída pela Lei nº 9.972 de 25 de maio de 2000. Já a regulamentação dos processos veio através do Decreto nº 3.664 de 17 de novembro de 2000.
De acordo com o artigo 3º, a classificação é “o ato de determinar as qualidades intrínsecas e extrínsecas de um produto vegetal, com base em padrões oficiais físicos ou descritivos”.
Com relação à obrigatoriedade, a lei determina que:
Serão objeto de classificação todos os produtos vegetais, os subprodutos e resíduos de valor econômico, que possuam padrão oficial estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os grãos deverão ser classificados quando:
- São destinados diretamente à alimentação humana, ou seja, quando os produtos atendem todas as normas de segurança alimentar para serem oferecidos ao consumidor final.
- Nas operações de compra e venda do poder público.
- Nos portos, aeroportos e postos de fronteira, quando da importação.
Quem realiza a classificação de grãos?
Para realizar a classificação de grãos, a pessoa jurídica deve ser autorizada pelo MAPA, através de credenciamento específico conforme a legislação.
Esta autorização pode ser concedida a cooperativas agroindustriais, universidades, entidades especializadas e empresas privadas, bolsas de valores/mercadorias e institutos de pesquisas.
Existem empresas especializadas como a Genesis, que possuem laboratórios e profissionais instalados nos principais terminais, portos e centros produtivos, oferecendo laudos digitais e precisos, com rastreabilidade e conformidade com legislação ou contrato vigente.
Especificamente no caso da importação de grãos, a classificação deverá ser conduzida por engenheiro agrônomo do MAPA, podendo utilizar o apoio operacional e laboratorial das entidades credenciadas.
Como é feita a classificação de grãos?
A classificação de grãos é realizada no momento em que o veículo carregado chega no armazém ou terminal de transbordo. O processo é conduzido por uma equipe especializada, a partir de um laboratório instalado no local.
Para simplificar, vamos considerar uma operação de transporte rodoviário neste exemplo, isto é, a classificação de um lote de grãos transportado por caminhão. O processo nos outros modais é bem parecido, variando basicamente o tamanho da amostra.
Coleta de amostra
A primeira etapa do processo é a extração de amostras da mercadoria. A amostra é uma parte, fragmento ou unidade representativa do lote.
No entanto, o classificador pode notar problemas graves logo ao retirar a lona do caminhão, como cheiro estranho, carga molhada ou suja, entre outros. Neste caso, a carga poderá ser rejeitada para classificação.
Se aprovada na inspeção inicial, a coleta da amostra será realizada. Para isso, utiliza-se um instrumento chamado calador, podendo ser pneumático ou manual.
As amostras deverão ser coletadas em diferentes pontos do veículo, e a quantidade é determinada pelo volume total da carga: quanto maior o volume, mais amostras serão necessárias, em mais pontos aleatórios do veículo.
Análise laboratorial
Após a coleta da amostra, os grãos serão submetidos aos processos de análise laboratorial, isto é, a classificação em si.
Os procedimentos, equipamentos e a ordem de realização variam bastante de acordo com alguns fatores, como o produto (milho ou soja), o tipo de classificação (oficial ou comercial), os equipamentos disponíveis em cada laboratório, entre outros.
Ciente disso, vamos apenas listar alguns dos procedimentos comuns, de forma resumida e abrangente:
- Homogeneização: utilização de homogeneizador ou quarteador para misturar as amostras coletadas, gerando uma amostra mais fiel do lote como um todo.
- Análise de impurezas: descobrir o percentual de impurezas e matérias estranhas, como outras partes da planta, grãos de outras culturas, insetos, terra, etc. Utiliza-se uma peneira para separar as impurezas dos grãos, e balanças para comparar o peso total da amostra com o peso da matéria estranha.
- Análise de umidade: descobrir a proporção de água e matéria seca dos grãos. Existem vários aparelhos para este fim, sendo mais comum o determinador de umidade digital, no qual basta inserir a amostra e aguardar o resultado.
- Inspeção visual de defeitos: consiste em observar a amostra a olho nu, separando individualmente os grãos defeituosos de acordo com o problema apresentado, com objetivo de determinar o percentual de cada defeito em relação à amostra.
Resultado da classificação
Após a conclusão de todas as etapas de análise, o classificador terá em mãos os dados para determinar a classe, grupo e tipo daquele produto, gerando um laudo oficial que certifica os resultados da classificação.
Cada uma destas 3 classificações indicam uma série de características do produto:
- Grupo: revela a variedade do produto, de acordo com aspecto geral e formato;
- Classe: revela características físicas do grão, como a coloração;
- Tipo: determina as finalidades para as quais o produto poderá ser destinado, de acordo com níveis de tolerância a grãos avariados, impurezas, maturidade, entre outros fatores
A partir destes três enquadramentos, o produto será liberado ou restrito para determinadas finalidades: consumo humano in natura, fabricação de alimentos para humanos, consumo animal ou apenas insumo industrial;
Há ainda a possibilidade de desclassificação da mercadoria, se os resultados superarem todos os níveis de tolerância.
Nestes casos, o produto será rejeitado pelo armazém e/ou terminal, não poderá ser comercializado, e o laudo será encaminhado ao MAPA para determinar o destino daquele lote de grãos.
Classificação de Grãos na Logística do Agronegócio
Vimos que a classificação de grãos é um procedimento obrigatório e complexo, que compõe as inúmeras exigências e procedimentos essenciais da logística de commodities agrícolas.
Além disso, o laudo de classificação é um documento de extrema importância para todos os envolvidos, incluindo o dono da carga, o comprador, o transportador e o terminal.
Sendo assim, para os operadores logísticos, é essencial que o processo da classificação, bem como seus resultados, estejam 100% integrados às ferramentas de gestão logística.
O Sistema Vertti TOS oferece funcionalidades específicas para classificação vegetal, vinculando resultados e anotações a cada veículo e seus respectivos contratos.
O que é o Vertti TOS?
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Implementamos cada funcionalidade do Vertti TOS a partir das necessidades reais dos operadores logísticos do agronegócio, incluindo cooperativas agroindustriais, commodity traders, usinas de açúcar e etanol, indústrias de alimentos, terminais multimodais de transbordo, entre outros segmentos do agro.
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